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quarta-feira, 16 de maio de 2018

Quando Não Queremos Ver


Quando Não Queremos Ver

A queixa da pessoa era que a vida era monótona, nada acontecia nunca. Os dias se repetiam, sem graça e sem muito movimento. O trabalho era sem alegria, a vida amorosa, inexistente.

Depois de um tempo de terapia, fizemos uma regressão de memória. 

O que ela acessou foi um homem andando numa espécie de feira livre. Ele parecia alheio ao que havia ao redor e ela percebeu que ele estava ansioso para encontrar alguém. Havia um encontro marcado. E a cena se repetia incessantemente. Ele continuava andando pela feira. Foram usados alguns recursos, mas a imagem se manteve. Depois de um tempo, a leve impressão de um beco e uma emboscada. E logo depois o caminhar a esmo pelo mercado. 

Com o passar do tempo, ela percebe que o cenário da feira se modifica, algumas vezes. Novas pessoas e novas mercadorias. Mas o caminhar do homem continua do mesmo modo. Alheio, apático, sem direção.

Fizemos o encaminhamento desse Eu e depois, conversando sobre as imagens, pontuamos que a característica desse homem se repetia de algum modo na vida dela, aqui. A apatia, o caminhar sem direção, a falta de alegria. E também o fato de ignorar a emboscada, a agressão sofrida, tentando fazer como se não houvesse acontecido. Concluímos que o homem possivelmente morreu nessa emboscada. E continuou ignorando isso e voltando a fazer o que fazia pouco antes.

O que essa moça estava agora ignorando?
O que preferia não ver e não encarar?

Num segundo momento, fizemos outra regressão de memória. Ela acessou uma sala antiga e uma mulher dentro dela, caminhando suavemente, olhando a sala e pela janela. Ela não conseguia sair dali. Olhava algumas vezes para uma determinada porta, com certo receio. 
Encorajei-a a abrir a porta. Ela o fez com hesitação. Viu uma escada que descia para o porão. E não conseguiu passar dali. Voltou para a sala e sentou-se num sofá. Disse ter a impressão de alguém preso ou morto lá embaixo.
Mas não queria ver.

Viu uma menina entrar na sala e aproximar-se dela. A menina chorando pedia que ela descesse as escadas e visse o que havia. Ela não conseguiu fazer isso. Tinha muito medo. E ao mesmo tempo era prisioneira ali nesse cenário. Ela identificou essa menina como ela mesma, bem pequena. 

E a regressão se encerrou, logo que cuidamos desse Eu, que sentia medo e não queria ver. A criança que ela foi esteve presente nesse encerramento.

Parecia que a criança interior sabia da necessidade de enfrentar o medo para que a cura ocorresse. 

Nas duas memórias, os personagens se recusavam a ver coisas que talvez fossem necessárias para sua trajetória.
E hoje? A história se repetia? Havia algo na vida presente que ela se recusava a ver? Essa pergunta ficou bem presente para ela, depois dessas experiências. 

De um modo inesperado, pouco depois a vida dela deu uma grande guinada, com mudança de país e de atividade. O movimento em sua vida se iniciou, coisa que não acontecia antes. De um certo modo, ela se desligou da repetição e da inércia e a vida tomou novo rumo.

Ficou pendente ainda a necessidade de olhar com coragem e compaixão o que alguns "porões" escondem. Talvez um trabalho para outra ocasião.

Angela Cunha
Psicóloga e terapeuta com abordagem vibracional e energética. 
Atendimentos na Taquara - RJ
Contato: angela_psi2004@yahoo.com.br

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