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sexta-feira, 18 de maio de 2012

Alzheimer


Atendi com sessões de Terapia Multidimensional um senhor com diagnóstico de Alzheimer. A filha, médica, trazia a filha adolescente para sessões comigo há algum tempo e viu bom resultado com essa técnica. Então me perguntou se eu atenderia seu pai, de 82 anos, com algumas sessões. Ele vinha em companhia da filha, chegava educado e sorridente e imediatamente aceitava o convite para deitar-se na maca. Depois disso, dormia profundamente durante todo o trabalho. 

Na Terapia Multidimensional, tanto o terapeuta como a pessoa atendida fica em silêncio durante o processo. Há normalmente um relaxamento profundo do paciente e o adormecer é frequente. O terapeuta entra numa espécie de desdobramento, acionando a energia do coração e algumas imagens podem surgir. A pessoa é tratada por uma equipe de cura multidimensional. Algumas vezes o paciente também acessa imagens, cores e pode receber mensagens importantes.

Na segunda sessão com esse senhor, durante o processo algo aconteceu. Eu estava de olhos fechados e o "vi" levantar da maca com facilidade. O corpo dele permaneceu deitado, dormindo aparentemente, mas seu duplo levantou e se colocou em frente a mim. Ele estava sorridente e segurou minhas mãos. Agradeceu pela oportunidade de estar ali e por eu estar tratando de sua neta. Parecia lúcido e tranquilo. Depois, voltou ao corpo. 

Então, um ser extrafísico me disse que ele havia escolhido adoecer com Alzheimer. Havia sido em muitas vidas uma pessoa onde a rigidez e a severidade estavam presentes de modo intenso. Dominava a família, era um crítico cruel, impunha regras severas a si mesmo e aos outros e não admitia erros. Isso havia causado muito sofrimento a todos e a ele mesmo. Então, ele havia escolhido adoecer desse modo, para conseguir quebrar esses rígidos padrões, já que por  vidas não havia conseguido, caindo sempre no mesmo padrão de repetição. O que me surpreendeu foi que o ser acrescentou que ele não precisaria adoecer para mudar o padrão. Bastaria apenas MUDAR! Mas parecia que para ele adoecer era mais fácil, surpreendentemente. 

Terminamos o trabalho e ele se despediu educadamente, parecendo alheio novamente. 
Conversando depois com a filha dele sobre isso, ela me disse que se lembrava que ele era exatamente como  o descrito, desde que ela se lembrava dele na infância. Ele parecia outra pessoa após adoecer e ela sempre se perguntava como era possível.

Eu comentei com ela que o Eu verdadeiro dele estava lúcido e saudável (o que falou comigo). Que ele apenas representava um papel aqui, o papel que lhe pareceu o melhor para curá-lo. (por mais estranho que isso possa parecer).

Depois de mais umas duas sessões, não mais o encontrei. Nem durante o trabalho tive outro contato como esse, com ele lúcido. Mas guardei essa lição para sempre. Não precisamos escolher a dor. Podemos nos curar de modo mais leve, apenas MUDANDO. Geralmente SABEMOS onde estão nossos nós, não é?

Angela Cunha 

2 comentários:

  1. Pois é Angela, a gente cria pontes e também precipícios, talvez precisemos ainda não sei se corretamente seria o termo "optar" pela doença, limitação, seja qual for, mas sim não compreender conscientemente que a mudança é possível para o bem. O duplo dele talvez optou pelo castigo , o mais conhecido dele, o outro lado do controle era exatamente se entregar sem controle algum, esse universo era já conhecido. Como ainda navegar em mares nunca dante navegados?
    Beijo querida.

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  2. Exatamente isso, Sandra.
    O que não seria o mundo se nós finalmente praticássemos a aceitação de que é sim, possível?

    Beijos, querida.

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